As histórias de povos originários e a cultura transversal de convivência
O auditório da Escola Humberto Soares da Costa ficou lotado no dia 14 de novembro com adolescentes do ensino médio público. Bastante participativos, eles ouviram música dos povos originários, participaram de bate-papos literários e assistiram a um desfile de moda com estampas exclusivas de design indígena. Sim, tudo isso aconteceu dentro da Mostra de Literatura Pocket, a primeira edição com foco na cultura do povo Yawanawa.
auditório da Escola Humberto Soares da Costa
Quem abriu o evento foi a direção da escola e o produtor cultural Andrey do Amaral, os quais discorreram sobre a importância de um evento como esse para o colégio, para o bairro, para o município de Rio Branco e para o Estado do Acre. Convidada especial, a ativista feminina e política Nedina Yawanawa contou e encantou a plateia com suas histórias e a saga do seu povo para um público sedento por conhecer as lendas e tradições da etnia Yawanawa. Na primeira parte da Mostra, Nedina relatou sua luta enquanto mulher indígena e os preconceitos e desafios de sua vida, além de demonstrar um direcionamento importante para a vida dos adolescentes enquanto cidadãos. Em seguida Raquel Danzicourt, coprodutora do evento, proprietária de um Ponto de Cultura em Rio Branco-AC e microempresária, que também patrocinou o coffee break, conduziu a Mostra como uma mestre de cerimônias que demonstrou carisma e desenvoltura com os presentes. "Como eu já fui professora aqui nesta escola, foi fácil essa interação com o corpo discente, pois, em sala de aula, eu busco valorizar a pessoa, extraindo o melhor que há nela para que a arte e a cultura sejam um dínamo positivo na vida desses meninos e meninas", registrou a Raquel.
Equipe técnica do projeto
Após a participação mais que especial de Nedina Yawanawa, ela precisou se ausentar mais cedo por compromissos políticos. Nedina saiu do evento, mas sua arte continuou na Mostra. Por lá, aconteceu um lindo desfile de moda com as peças assinadas por ela. Sim, Nedina também é estilista e criadora de peças deslumbrantes. As modelos da passarela são estudantes da Escola Humberto Soares e algumas também descendentes de povos tradicionais. De tão lindo, o desfile pareceu um mini Fashion Week.
Na parte final da Mostra de Literatura, a produção fechou com chave de ouro: um espetáculo musical do grupo Cantos e Encantos Yawanawa com canções tradicionais da etnia. O trio musical se apresentou com o talento indescritível do jovem indígena Shemã Naamã Yawanawa, vocal e violonista, e da solista de voz divina, Isabeli da Silva Yawanawa. E, para a surpresa dos outros produtores e da plateia, quem também brilhou foi a professora Natália Guató, que soltou a voz e tocou lindamente seu violão. O grupo cativou a plateia com músicas inspiradoras que falam ao coração. Mesmo cantadas na língua nativa, as melodias entoavam um eco uníssono no ambiente o qual parecia um átrio de adoração ao sagrado. As músicas Yawanawa têm ritmo, melodia e cadência que encantam os ouvidos.
Isabeli, Naamã e Andrey
De tão interessante, já houve um novo convite para a produção repetir a dose para uma outra edição dessa Mostra Pocket em 2024. O evento teve coordenação e direção da professora e produtora cultural Raquel Danzicourt e produção executiva da Pergunta Fixar Editora Produtora de Arte, Educação e Cultura. A curadoria ficou por conta do talento e da expressividade da artista Natália Guató, também produtora da Mostra de Literatura, edição Pocket. Natália agregou muito à equipe do projeto. Mineira de Itajubá, ela veio ao Acre para estudar música indígena, em especial os cantos ancestrais de dentro da espiritualidade das medicinas da floresta. "Hoje, no meu caminho, busco cantar sempre em conexão com o meu próprio ser, contando um pouco de minha história e quem sou, expressando nas emoções e sutilezas da música a cura que busco ao compartilhar o meu canto e tantas canções que mostram a riqueza da cultura brasileira", disse a artista de Minas Gerais.
Essa é a missão da Mostra de Literatura: levar informação, conhecimento, respeito e cidadania a grupos periféricos, escolas públicas, cidades mais afastadas, crianças, adolescentes, meninas e mulheres, idosos e todos aqueles que por alguma razão não tiverem acesso a produtos culturais.
Serviço
- Mostra de Literatura
- Informações: (68) 9202-4892 (somente whatsapp), Instagram @mostradeliteraturadf e/ou mostradeliteratura@gmail.com